PAINEL DO LEITOR

Reservamos este espaço para inserir as contribuições
dos leitores que forem classificadas.

Para participar, você deve ir até o espaço de nosso site
chamado "" e inserir lá sua colaboração.

Participação de Hérodoto Barbeiro
São Paulo - SP
Como dar um jeito para atravessar a rua com muito trânsito


A primeira participação classificada para o Painel do Leitor ficou por conta do jornalista e âncora da Rede CBN, Heródoto Barbeiro, que mencionou o caso de uma pessoa que para atravessar a rua dava um jeitinho de fingir que era deficiente físico. Ao término da travessia, ela olhava para todos aqueles carros parados e voltava ao seu estado normal demonstrando que tivera sido mais esperta em levar vantagem naquele ato, sem deixar de ouvir uns bons palavrões dos motoristas que se viram enganados por ela.

7/março/ 2000
 
Comentário

O jeitinho é assim mesmo.
A pessoa que dá o jeitinho foca e vê apenas a sua situação.
Ela congela uma realidade por um instante, simula algo, faz que não entende, mas depois tudo volta ao normal.

Ao terminar de dar um jeitinho numa situação, em geral a pessoa descobre que ela tem muito mais poder do que imagina. Ela conseguiu domar uma situação, "levar vantagem" e ser mais esperta do que os outros.
 
Participação do Dr. Carlos R. de Oliveira
Dallas, Texas
O jeitinho internacional - I
Perú e México

No Perú o jeitinho brasileiro é chamado de la finta brasileña. Esta expressão descreve geralmente o drible no futebol e quando aplicada para descrever o jeitinho brasileiro indica resolução de problemas difíceis.

Já o México tem o seu próprio jeitinho. Quando lá alguém quer dar um jeitinho nalguma coisa, diz: como se puede arreglar eso? Isto é, como se pode solucionar isso? Aí o outro (o guarda, o funcionário público, por exemplo) responde: lo arreglo cuesta xx pesos!
Esta pergunta, como o jeitinho brasileiro, abre portas para resolver qualquer problema. É claro que no Brasil esse jeitinho é o famoso suborno
.

12/março/2000

Participação de Fernando Silva
Barreiro, Portugal
O jeitinho internacional - II
Portugal

Em Portugal também temos o jeitinho, só que a palavra não é tão comum lá. Por exemplo, se o guarda de trânsito aparecer, você poderá ouvir algo como podemos resolver as coisas de uma outra maneira. Ou quando o fiscal aparecer, é bem provável que você ouça algo como a sua situação está demasiado escura, veja lá o que podes fazer.

29/abril/2000
Comentário

De fato o jeitinho brasileiro é conhecido em muitos países, mas eu sei que lá no Perú existe também um jeitinho para as coisas, chama-se la salida (a saída), e é usado, por exemplo, quando o guarda de trânsito vai multar alguém.

Já os patrícios portugueses são mais clássicos no vernáculo.

Estes exemplos do Dr. Carlos e do Fernando vem contribuir para enriquecer os dados que temos sobre o jeitinho.

O fenômeno do jeitinho também aparece em outras culturas. Aliás no livro eu menciono isso também. Veja lá na página 49, quando eu falo que o jeito não é "privilégio" da cultura brasileira e cito diversos exemplos internacionais de uso do fenômeno do jeitinho. É claro que, na cultura brasileira o jeitinho assume contornos de cotnrolador de nossos hábitos e comportamento muito mais que noutras culturas. O jeitinho já está institucionalizado e integra a malha de vida nacional. Você poderá obter uma cópia do capítulo 15 do livro, que trata do jeitinho institucionalizado. Clique aqui, que está em formato Acrobat
 

Participação de Pierre Melo de Ameida
Brasília - DF

Dando um jeitinho de dobrar a vontade de Deus

Às vezes somos como o patriarca dos hebreus, Abrão. Ele recebeu a promessa de Deus de ser pai de uma grande nação. Parecia que estava demorando e, resolveu, de comum acordo com sua esposa, ter um filho com a escrava. Isto acontece em nossas vidas quando oramos e pedimos a Deus uma benção e ela demora para acontecer. Então achamos que podemos manipular a vontade de Deus e começamos a ordenar, a amarrar os demônios, fazer correntes de oração, pois achamos que está demorando a acontecer. Deus respondeu "esperu um pouco mais" ou "não", e continuamos a insistir em nossas orações. Fazemos "ouvidos de surdo" e não escutamos a resposta de Deus porque queremos que Ele faça a nossa vontade e não a dEle. Negociamos com Deus. E isto, às vezes até com o apoio da liderança da igreja que diz: se você vier ao culto de sexta-feira, sete vezes, Deus irá lhe abençoar.

Este é o jeitinho religioso brasileiro de tentar mandar em Deus. Creio que devemos cumprir a vontade de Deus, devemos estar com nossa comunidade, orarmos e jejuarmos, mas pelo amor que temos por Ele e não porque queremos conseguir algo em troca.


12/março/2000 - pela Internet

Comentário

O leitor Pierre tem razão. Há muita gente que lida com Deus como se fosse um ser mágico que solucione tudo em sua vida. E mais, do jeito que a pessoa quer. Tenta manipular e comprar Deus sendo bonzinho para os outros, cumprindo os deveres religiosos, pagando promessas. Enfim, querendo dobrar a vontade de Deus.

Está aí a Teologia da Prosperidade, o evangelho fácil e barato que muitos pregam, transformando a religião num bom negócio, cobrando dos fiéis para que possam ser abençoados.

É o jeitinho de dobrar a vontade de Deus.


Participação de Geni da Silva Lima
Suzano - SP

Dando um jeitinho na consciência
A Geni me contou uma situação que aconteceu com uma conhecida dela, que teve de dirigir o carro de volta para casa, pois o marido bebeu além da conta e achou melhor não dirigir.
No meio do caminho um guarda parou a amiga da Geni e lhe pediu os documentos. Como não estavam em ordem, o guarda chamou a moça de lado para conversar e propôs um jeitinho para livrá-la de ter o carro apreendido. "Você já imaginou ter de ir à pé para casa ..." disse o guarda. "Fica melhor e mais barato você participar ...", completou.
A resposta dela foi genial: "Olha aqui seu guarda, se eu lhe der algum suborno, vou ficar com a consciência tão pesada que não vou me perdoar ... então multe e apreenda ... eu vou para casa a pé mesmo!"
O guarda levou um susto e disse: "Bem moça, desculpe-me, vá para casa cuidar de seu marido e coloque em ordem logo os seus documentos!"

20/abril/2000

Comentário

Você já pensou se todos agíssemos assim?
Aliás, mantivéssemos os documentos em ordem também.

Você não quer se juntar numa grande roda de união para lutar contra esse costume de pagar suborno?

Se andarmos na velocidade adequada, se tivermos nossos documentos em ordem, seremos menos vulneráveis.

Senhores guardas de trânsito, guardar rodoviários, por favor criem vergonha na cara e parem de usar seu poder e autoridade para extorquir os motoristas!!!

Motoristas, obedeçam as leis e parem de querer dar um jeitinho nas coisas!!!

Participação de Geraldo Ananias Pinheiro
Brasília - DF

Jeitinho até para cachorro

Isso vi num documentário. Um jeitinho criativo e humano. Um cachorro foi acidentado, perdendo, completamente, os movimentos dos membros anteriores (as duas pernas). Ficou "chorando", triste por não poder mais andar. O seu dono, apiedado e cheio de amor, deu um jeitinho maravilhoso: fez uma carrocinha de apenas duas rodas traseiras (dessas parecidas com as que se colocam em animal. Só que, naturalmente, pequenina). Daí adaptou ao corpo do cachorrinho, que passou, imediatamente, a correr pra todos os lados, feliz da vida, como se quisesse agradecer ao seu dono pela oportunidade de poder correr novamente. Para lhe ser sincero, não agüentei, chorei mesmo!

22/abril/2000 - pela Internet

Comentário

O jeitinho não é só corrupção, malandragem, levar vantagem.

Ele também tem esse lado positivo da criatividade e da inventividade.

Na parte 3 do livro Dando um jeito no jeitinho, temos o lado positivo do jeitinho, onde são citadas três destas facetas:
1. a inventividade/criatividade;
2. a função solidária do jeitinho; e,
3. o seu lado conciliador
Participação de Geraldo Ananias Pinheiro
Brasília - DF

Nem o cafezinho escapa do jeitinho

Gostaria de contar-lhe uma História (fato real), que parece-me situar no assunto abordado pelo senhor: Certa vez fui buscar um colega na Rodoferroviária aqui de Brasília. Era cerca de cinco horas da manhã. Ao chegar num determinado quiosque, verifiquei que havia muitas pessoas tomando lanche (pão e pingado) . Logo pesnsei: vou tomar meu cafezinho! O empregado colocava, num copo, uma certa quantidade de café. Em seguida, completava com o leite. Na tabela de preços só tinha o valor do pingado
(nada de café puro ou leite puro).
Por detestar pingado e leite puro, e adorar café puro, decidi então pedir somente um café. Prontamente, o empregado falou que não vendia café puro. Resolvi dar um jeito na situação: comprei uma ficha de pingado (que dava direito a café + leite). Pedi o rapaz para me antnder. Quando ele colocou o café, no copo, eu falei rapidamente: basta. Só quero assim! Não precisa colocar leite. Ele não aceitou, alegando que não vendia café puro. Fiquei bravo, xinguei e fui embora. Depois procurei saber a razão desse absurdo.Se estava pagando por duas coisas, porque não poderia ter uma e deixar a outra prá lá, já que isso não causaria qualquer problema ou prejuízo a ninguem. Se havia alguém perdendo, seria, pois, eu!
Ledo engano! Não fiu atendido.
Mas quase tudo na vida tem uma razão de ser! E o senhor sabe o que descobri? Àquela época o café estava muito caro e o leite muito barato. Então a mistura que aquele barzinho fazia para o pingado, continha um café tão ralo, que não dava prá tomar isoladamente. Por isso que não vendiam café puro, não é lógica a trapaçaria? Abraços fraternos.


14/abril/2000 - pela Internet
Comentário

Me perguntam o tempo todo: "Quem dá mais jeito neste país?"

Em geral sinto que esperam a resposta: "São os políticos e governantes!!!"

Daí eu digo de um modo meio acadêmico assim: "o jeitinho está em toda tecitura da cultura brasileira!"

Aí eu me visto de gente normal e continuo: "nós estamos mergulhados no jeitinho, estamos encharcados do jeitinho. Seja onde for, fazendo o que for, está lá o jeitinho nos perseguindo!"

Esta história que foi vivida pelo Geraldo
é uma prova inconstetável disto. O fulano do bar queria levar vantagem e deu um jeito na situação. Usou a criatividade, característica positiva do jeitinho, para transformá-la em vantagem pessoal. Ele converteu o que era bom (criatividade) em maldade, em egoísmo, em falta de qualidade para seus clientes!

Você não concorda comigo? A não ser que
você gosta de café fraco (ou seria chafé???)!

Participe você também
se você conhece algum caso, história ou quer dar alguma sugestão ao livro
vá até o item COMO PARTICIPAR no menu ao lado